A representação no design de interiores

Mas afinal, o que é representação,  qual a sua importância e qual a sua relação com o design de interiores? 

A representação é uma forma inteligível de expressar aquilo que se pensa e sente, utilizando a linguagem, seja ela, falada, escrita, por  meio de imagens, expressões, gestos, sons e objetos.. Segundo Stuart Hall, “a representação é uma parte essencial do processo pelo qual os significados são produzidos e compartilhados entre os membros de uma mesma cultura“.  

Ainda, de acordo com Hall, o conjunto de conceitos, imagens e ideias nos permitem sentir, refletir e interpretar o mundo de forma semelhante (códigos culturais) e é  chamado de  “sistema de representação” , que em parte pode ser materializado e outra parte não, essa materialização é produzida pela linguagem que também é uma sistema de representação e seu compartilhamento depende da utilização de um mesmo código linguístico. 

Neste contexto podemos compreender a importância da representação para a cultura. O mundo precisa fazer sentido, somente assim, as ideias e a linguagem se conectam e  podem ser compartilhadas, do contrário seria impossível o entendimento entre as pessoas, ninguém saberia o que o outro pensa ou sente. 

Mas qual a relação da representação com o design de interiores?  

O design se expressa por meio da organização de elementos, tais como, objetos, formas, linhas, texturas, luz e cores, dentro de um espaço. Esses elementos são a materialização de um conceito ou uma ideia, portanto uma linguagem estética visual que comunica, ou produz sensações, logo uma forma de representação, cada elemento pode produzir diversos sentidos, isso vai depender da mensagem que o designer deseja transmitir. 

A forma 

A forma pode expressar movimento,  monotonia, feminilidade, masculinidade, inquietação, amplitude, continuidade, repetição. As linhas verticais  produzem a sensação de altura, as horizontais de rebaixamento, as diagonais produzem a ideia de movimento e dinamismo, as curvas, feminilidade,  suavidade e relaxamento, as retas têm um caráter masculino e formal. 

As texturas e padronagens  

As texturas produzem estímulos sensoriais, as lisas intensificam  a cor, refletem luz e o som, produzem  ambientes mais modernos e minimalistas, menos intimistas, dependendo da proposta, pode ser mais sóbrio ou  o oposto disso, lúdico e bem dinâmico. As texturas ásperas com relevos absorvem a luz, portanto diminui a intensidade das cores, assim como ajudam a absorver o som, produzem ambientes rústicos ou clássicos, mais intimistas e acolhedores.  

As padronagens remetem a épocas, estilos, podem ser de motivos florais, geométricos ou linear, em pequenas ou grandes escalas. As primeiras  afastam  e  as grandes aproximam a superfície do seu  observador. 

A Luz. 

A iluminação, seja ela natural ou artificial atua na atmosfera do ambiente, produz um efeito de luz e sombra que propicia relaxamento, dinamismo, sobriedade ou agitação. A luz artificial pode ser fria ou quente e a escolha de uma ou de  outra vai depender de qual efeito se deseja produzir. 

A iluminação pode ser geral, focal, decorativa e pode ser produzida por diferentes tipos de lâmpadas, incandescente, halógena, fluorescentes, vapor de mercúrio e led.O facho de luz pode ser direta, indireta ou difusa. 

As cores 

As cores têm diferentes e importantes efeitos nos ambientes, ela interfere no estado de espírito e na forma de utilização do espaço. As cores podem produzir efeitos sensoriais devido a temperatura, frias ou quentes. O contraste entre as cores serve para destacar o objeto e modificar a forma do ambiente. Elas se subdividem em primárias e secundárias, análogas ou complementares, a primeira segue uma sequência de tonalidades e a segunda são cores opostas.  

Os objetos  

Nós damos significado aos objetos, podem ser de uso prático ou de valor, tudo vai depender do que atribuímos, como vamos utilizar, a história que associamos a eles, e as emoções que nos proporcionam.  

Desse modo, o sentido é constantemente elaborado e intercambiado, mas também interpretado de várias formas, depende do momento, do contexto, e de quem interpreta,e não é fixo porque a interpretação não é fixa e única. O sentido regula nossas práticas, convenções e valores e  está diretamente ligado a nossa cultura  e é “o conjunto de práticas entre membros de um grupo ou sociedade”(HALL, 1916). 

Portanto a representação cultural, é o ponto central do design de interiores, entretanto, a grande importância é como essa cultura é representada, ao pensar no termo percebemos que é  algo muito amplo, são  várias frentes, a erudita, a popular, a de massa, a local, a de grupos minoritários, a  da moda e a do status. A partir disso, podemos avaliar que o design atua como mediador da cultura, mas  surge a questão é a pergunta  que não quer calar, qual dessas culturas os designers de interiores costumam representar? 

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